LA NECESSITA' DI UN NUOVO ORDINE MONETARIO

in Articoli e studi
"É preciso uma reforma do sistema financeiro": uma visão italiana 17 de outubro (MSIa) - Por sua relevância para o entendimento da natureza da presente crise econômico-financeira global, publicamos a seguir um artigo escrito pelo economista italiano Paolo Raimondi, correspondente da Resenha Estratégica em Roma, e Elio Lannutti, presidente da ADUSBEF, a principal associação de consumidores do país. A crise financeira é sistêmica: é preciso uma reforma abrangente do sistema financeiro Elio Lannutti e Paolo Raimondi A crise dos empréstimos hipotecários subprime nos EUA e outros países está deflagrando uma crise semelhante a uma "Parmalat global". Não se trata apenas da bolha imobiliária e do contágio mútuo, mas de todo o sistema financeiro internacional concatenado com a enorme montanha de dívidas, títulos, finanças "estruturadas" e os milhares de derivativos "exóticos" que estão estourando, em uma economia submetida à financeirização, sem regulamentações e sem controles. São verdadeiramente infantis aqueles pobres economiastas que, depois de terem exaltado as virtudes da globalização financeira, se agarram agora a ilusões na tentativa de encontrar terreno firme. Há um ano, em um relatório sobre as três agências irmãs de avaliação de riscos, Moody's, Standard & Poor's e Fitch, os autores advertiram sobre os graves perigos do crescimento exponencial da bolha especulativa baseada sobre o castelo de areia dos derivativos. Em um mundo onde a economia real se mostra estagnada há anos, somente irresponsáveis podem pensar em viver com taxas de crescimento anuais de valores virtuais e especulativos da ordem de 20-25%. Em 2005, o então deputado Mario Lettieri apresentou uma moção (I-00320) à Câmara dos Deputados, assinada por 50 parlamentares da centro-esquerda e, inclusive, alguns da centro-direita, aprovada por maioria em 6 de abril, a qual indicava como a crise do fundo de hedge LTCM, da Enron, dos bônus argentinos e da Parmalat, não eram outra coisa senão sinais de uma profunda crise global. Em particular, o texto observava: "É uma crise de todo o sistema financeiro, crescentemente voltado para a especulação pura, no qual os fundos de hedge, que operam fora de qualquer norma e qualquer controle, estão ganhando um peso cada vez maior. Estima-se que o montante da bolha financeira, somando os derivativos e todas as outras formas de dívidas pendentes, ultrapasse os 420 trilhões de dólares, comparados a um Produto Interno Bruto global de pouco mais de 38 trilhões de dólares." Vejamos agora os desdobramentos dos derivativos financeiros. De acordo com os dados oficiais do Banco de Compensações Internacionais (BIS), de Basiléia, em junho de 2004, o mercado de derivativos "fora-de-balcão" (OTC ou over-the-counter), ou seja, que são negociados fora dos mercados regulares, havia atingido um valor nominal de 250 trilhões de dólares. Os últimos números fornecidos pelo BIS, no final de dezembro de 2006, elevava o valor total dos derivativos OTC a mais de 415 trilhões de dólares. Em dois anos e meio, a especulação com os derivativos quase duplicou! O quadro é devastador se se observam os grandes bancos dos EUA. Os dados do Comptroller of the Currency (OCC, órgão fiscalizador do sistema financeiro - n.e.) referentes a junho de 2004 indicavam que apenas três bancos, o JP Morgan Chase, o Citigroup e o Bank of America, eram responsáveis pela quase totalidade dos derivativos financeiros nos EUA, respectivamente, com operações de 43, 17 e 16 trilhões de dólares. No final de março de 2007, a mesma fonte relatava que tais números haviam subido, respectivamente, para 72, 35 e 29 trilhões de dólares! É verdade que, na Itália, o sistema financeiro se lançou mais tardiamente a essa especulação "moderna", na esteira das instituições estadunidenses e britânicas, mas, levando em conta a nossa sempre difícil situação financeira, as hipotecas a juros variáveis e operações com derivativos financeiros representam minas flutuantes no caminho da estabilidade econômica e do bem-estar social. Existem mais de 50 mil pequenos e médios empreendedores, especialmente no Nordeste, que foram induzidos pelos bancos a assinar contratos de derivativos financeiros disfarçados de seguros contra possíveis variações das taxas de juros e do câmbio, e tiveram prejuízos da ordem de 5-7 bilhões de euros! Mas a situação é ainda mais séria quando se consideram os prejuízos com derivativos experimentados pelas autoridades regionais, provinciais e municipais. Segundo estimativas do Tribunal de Auditoria, no final de 2006, esses organismos contabilizavam dívidas superiores a 108 bilhões de euros, em particular na forma de títulos, com freqüência colocados pela finança internacional de uma maneira não dissimilar à triste experiência da Parmalat. Porém, o mais dramático é o fato de que uma gorda fatia dessas dívidas foi transformada em "swaps", ou seja, as autoridades locais foram convencidas a aderir aos contratos de derivativos para se "proteger" contra possíveis mudanças nas taxas de juros e outros parâmetros. O Tribunal de Auditoria advertiu de que, em 2006, apenas as regiões aumentaram as emissões de tíulos em 33,4%, atingindo um montante de endividamento em títulos da ordem de 25 bilhões de euros, dos quais pelo menos 5,4 bilhões "cobriam" transações com derivativos. Será que as nossas autoridades econômicas sabem se, ainda hoje, mesmo depois da crise imobiliária, as autoridades locais continuam com tais práticas? Não há mais tempo a perder. Os custos financeiros e os prejuízos dos cidadãos locais representam dinheiro retirado dos investimentos sociais e gastos alegremente em aventuras financeiras "exóticas". E as agências de avaliação de risco? Em novembro passado, o que os autores chamavam "as três irmãs más", as agências internacionais de avaliação de risco Standard & Poor's, Moody's e Fitch, intervieram junto ao governo italiano, com tom e táticas ameaçadoras, exigindo o abandono de quaisquer políticas, embora mínimas, de apoio social aos setores mais débeis e pobres da população, no sacrossanto nome da redução da dívida. Na ocasião, os autores fizeram uma veemente denúncia do controle das três agências exercido pelos principais bancos e a finança especulativa com derivativos financeiros. O libelo provocou arrufos de intolerância e acusações de exagero. No último verão, quando a crise imobiliária eclodiu, subitamente, muitos passaram a se questionar sobre o silencio sepulcral que se manifestou sobre os motivos pelos quais as mesmas agências deveriam ser os cães de guarda do sistema financeiro. Nos anos e meses precedentes, nenhuma das três fez qualquer advertência sobre o colapso iminente. Estupidez e incompetência ou complicidade? Hoje, o Congresso dos EUA quer uma resposta específica. A responsabilidade delas na crise da bolha hipotecária foi tratada em 27 de setembro, em uma audiência do Subcomitê de Mercados de Capitais da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, cujo presidente, o democrata Paul Kanjorski, disse que "houve erros sistêmicos inusitados cometidos pelas agências de avaliação de risco, afetando produtos financeiros de todos os tipos; o que me assusta, agora, são os riscos de quebras sistêmicas no sistema financeiro internacional". Um dos depoentes foi Shaun Mathis, do banco de investimentos Miller Mathis, para quem "os mercados financeiros correm mais riscos do que em qualquer outro período desde a Grande Depressão. Este problema não tem nada de pequeno ou limitado. Haverá colapsos de bancos e financeiras". A republicana Deborah Pryce criticou as agências por ainda se recusarem a decidir pelo rebaixamento de classes inteiras de securities baseadas em empréstimos e, simplesmente, rebaixar a cotação de securities já em queda. Gary Ackerman, um democrata de Nova York, acusou as agências de fraude e manipulação dos mercados de títulos governamentais, enfatizando que "a fraude é um crime punido pelo Código Penal Federal". Quem pode intervir para colocar as coisas em ordem, depois que todas as regras de um sistema saudável e racional foram descartadas em favor de um fugidio mercado financeiro encarregado de si próprio? Os bancos centrais só têm sido capazes de afrouxar a liquidez e as taxas de juros, decisões que não resolvem a crise, mas, de fato, podem atirá-la em um nível ainda mais profundo. Somente a autoridade de governos e parlamentos em âmbito internacional, como Franklin Roosevelt fez em 1933 com o seu New Deal, para sair da Grande Depressão dos EUA, poderá ser capaz de reverter o rumo e devolver a economia real ao caminho da estabilidade e da retomada do desenvolvimento. É preciso retomar urgentemente as discussões e o espírito da moção submetida por Mario Lettieri ao governo, instando-o a "atuar junto aos órgãos internacionais competentes, com o intuito de construir uma nova arquitetura financeira voltada para evitar futuras quebras financeiras e a repetição de bolhas especulativas e, assim, orientada especificamente para apoiar a economia real, além de se tomarem o mais brevemente possível as medidas necessárias para, juntamente com outras nações, convocar uma conferência internacional em nível de chefes de Estado e de governo, para definir todo um sistema monetário e financeiro novo e mais justo".

18/10/2007

Documento n.6884

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